Um dos momentos mais importantes da narrativa bíblica é a libertação dos hebreus da escravidão e do jugo dos opressores egípcios representados na figura de Faraó. A história da libertação do povo tem um significado singular para toda a nossa fé cristã. Primeiramente conseguimos perceber que o Eterno está comprometido com a libertação do seu povo, de tal maneira a se envolver na histórica e “patrocinar” esse projeto. Deus não está distante e indiferente a dor oprimidos. Ao contrário, importa-se ao ponto de colocar em ação um plano para promoção da liberdade. Em segundo lugar, a liberdade em si é algo caro para toda a narrativa e para o divino. Assim, para além da ação em si, é fundamental notar que o Deus revelado tem a questão da liberdade em alta estima. O Senhor não deseja “castrar” o seu povo escolhido de sua liberdade e autonomia. Muito pelo contrário, a proposta de Deus para o povo separado, o qual deveria testemunhar para toda a humanidade o plano de Deus, é de uma humanidade autônoma, sonhadora, criativa e livre. Assim, entendemos que Deus não nos quer como que aprisionados ou levados de um lado para o outro, por todo vento de doutrina (Efésios 4.14), mas gente que pensa, reflete, critica, analisa e, em liberdade, toma suas posições e se responsabiliza por elas, devendo sempre promover o reino de Deus no mundo – que é um reino de liberdade.
Ação no mundo (história) e compromisso com a liberdade são dois elementos presente no Deus de Israel. O salmista percebe um traço importante desse processo: a reação do cosmo. A experiência de subversão acontece aqui. O Altíssimo nunca está em cima do muro, sempre se posiciona do lado do oprimido. As consequências dos sistemas mundanos são várias. Perseguição, autoritarismos, guerras, ódio, etc. Entretanto Deus “banca” o projeto e vai até o fim, não se importando com as águas que tornam-se revoltas e com o mundo que caótico dos egípcios, uma vez subvertida a lógica do opressor. Em contrapartida, as montanhas e colinas se alegram e festejam, pois há vida e esperança para os escravos da história. O caminho do evangelho é um caminho de profetas, os quais compram as boas brigas do mundo em prol de um mundo livre e justo. A religião é um caminho de sacerdotes, que buscam a todo custo manter a engrenagem do sistema girando como sempre. Profetas do Senhor subvertem com crítica ácida, seja quem for. Sacerdotes brincam de religião e buscam sempre sustentar seus cargos e poder. Que possamos ser como Jesus de Nazaré, o profeta crucificado, cuja mensagem subverteu o mundo, o colocando de cabeça para baixo.