Meditações no Salmo 43

Somos seres pequenos e limitados. Mesmo com dinheiro e poder em mãos o homem se depara com situações em que sua impotência exala de maneira cristalina. Não somos capazes de gerenciar muitos aspectos da vida. Não controlamos as enfermidades – dirá os antídotos! –, os sentimentos alheios – às vezes nem os nossos! – e muitas facetas do nosso amanhã são absolutamente imprevisíveis. Um grande problema da espiritualidade desenvolvida nos círculos cristãos é que os seguidores de Jesus tem como fundamento de sua fé elementos frágeis e que não dão respaldo e tão pouco pavimentam a longa estrada da vida espiritual. A família é muitas vezes um desses fundamentos. Entretanto, por mais importante e sagrada que ela seja, os laços familiares não são fortes o suficientes para serem fundamento da nossa fé. Não conseguimos gerenciá-los em definitivo: está fora do nosso controle. O que fazer quando se é traído pelo cônjuge?

Como vivenciar a experiência de um filho ou filha que não honra pai e mãe? Como superar problemas familiares graves, como a morte prematura ou sofrida de entes queridos? Se a família é fundamento da nossa fé e da nossa espiritualidade, perdemos o chão existencial da nossa vida. A crise mais severa se instala. A profissão também é um exemplo de fundamento inadequado. Quem garante que não haverá um corte na empresa em que atuamos? Quem garante que seremos sempre aptos para nossa função? Se fizermos da nossa carreira profissional – se aplica também para ministros religiosos! – a fundamentação da nossa espiritualidade, o risco de perdermos o rumo da vida é possível. Assim valeria para nossos relacionamentos, cheios de histórias de traições, mentiras e calúnias; a saúde, completamente além das nossas condições gerenciais; o dinheiro, cujo maior risco é torna-se dono do coração humano. O salmista parece ter percebido que o único abrigo seguro, a fortaleza da sua fé e espiritualidade, é o Eterno. Caso contrário, a alma sempre correrá o risco de adentrar uma tristeza profunda. Somente nEle temos garantida a alegria plena do nosso interior.

A esperança depositada no Altíssimo é fundamento seguro e certo para construirmos uma jornada consistente, embora certamente problemas e variáveis indesejadas são mais do que esperadas: são certas. Tendo o Senhor como rocha (Mateus 7:24-29; Lucas 6:46-49), podemos viver a experiência do abrigo na fortaleza. Como o salmista bem diz, Ele é juiz, luz, verdade, fonte plena de alegria, razão de canções de louvor, esperança e Salvador. Só Ele está nessas categorias. Certamente as demais áreas da nossa vida serão irrigadas na sabedoria do nosso Deus. Entretanto, é Ele quem nos dá segurança para um andar seguro e estável em nossa jornada espiritual.

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