Igreja Batista em Quitaúna

A experiência do saudosismo

Meditações no Salmo 132

O povo judeu tem uma história incrível! O que tem sido contado de geração em geração é encantador e nutri a imaginação de cada um que tem um lastro com essas histórias. O “Deus de Abraão, Isaque e Jacó”; “o reinado glorioso de Davi”; “o grande templo de Jerusalém”; as “libertações miraculosas do Deus dos hebreus”. O salmista conhece cada uma dessas passagens importantíssimas para o seu povo. Entretanto, ele está abatido devido a situação ruim pela qual o povo está passando, muito distante das glórias do passado. Diante das recorrentes humilhações, quem ora pede a Deus para “que se lembre” dos momentos importantes, das promessas, daquilo que outrora foi, mas não é mais. Ao mesmo tempo que pede a Deus para se lembrar, o salmista também se lembra e vive a experiência do saudosismo. Quando olhamos o futuro da história de Israel e o advento de Cristo, sabemos da fidelidade de Deus para com seu povo e com todas as nações da terra, como tinha prometido ao pai da fé, Abraão. Porém, sabemos também que a forma como Deus decidiu conduzir esse processo está aquém da expectativa do salmista que pede, insistentemente, para que Iavé se lembre do passado. Sabemos que o Altíssimo conservará alguém no trono de Davi, mas esse alguém é Jesus. Sabemos que ele preservará o seu “templo”, mas os templos somos nós. Sabemos que ele permanecerá fiel a suas promessas, mas elas se cumpriram em Jesus.

Eis o perigo do saudosismo: nos aprisionar na forma das coisas que estão cristalizadas em um passado distante, que paralisa o saudosista, o impedindo de desfrutar das novas possibilidades no hoje e dos desdobramentos criativos de Deus no futuro. O saudosismo nos aprisiona no passado e nos cega no presente e acaba com os sonhos novos no futuro. Problema: o Deus que se revela é um Deus de novidades. O Eterno não deseja conservador tudo do jeito que está. Ao contrário, Ele muda a história, quebra paradigmas e renova cada contexto de forma criativa. Os saudosistas, muitas vezes religiosos ferrenhos, perdem o “bonde da história” e, consequentemente, o novo de Deus. Mesmo olhando para o passado, não nos deixemos aprisionar nele, pois Deus é Espírito e sopra onde, como e quando quer.

Pr. André Anéas