experiência da casa do povo de Deus foi experimentada no passado quando os israelitas se reuniam no templo em Jerusalém. Embora compreendamos a nossa experiência espiritual à luz do Novo Testamento, em que existe um deslocamento do templo para o corpo do humano, muitos traços daquilo que o salmista diz ressoa em nossa espiritualidade cristã. O ajuntamento dos discípulos e discípulas de Jesus continua sendo uma prática singular da vivência da fé, desde os primórdios do movimento de Jesus. Da mesma maneira como descrito pelo salmista, a alegria está presente nestes momentos. Estar junto do povo de Deus é motivo de júbilo, de contentamento, de festa e de muitos sorrisos. A alegria na vida de quem segue ao Cristo é marcante, vem de dentro para fora. Longe de um mero hábito ritualístico, os fiéis sorriem com o coração, por isso cantam e batem palmas animados, expressando o que está dentro deles. 

Outro elemento nos ajuntamentos e encontros dos cristãos é o senso de pertencimento. Ninguém vive a espiritualidade cristã sozinho, isolado e de maneira individualista. A fé é experimentada coletivamente, em grupo, em comunidade. A percepção de que somos povo de Deus, que estamos protegidos no ajuntamento, de que possuímos uma identidade é importantíssimo ao estarmos na casa do Eterno. Mais interessante é o fato de que mesmo todos sendo parte do povo do Altíssimo, há diferentes “tribos” entre nós. Nesse sentido, muitas vezes o excesso de denominações dificulta a percepção de que o povo de Deus é plural, feito de humanos com diferentes culturas e modos de pensamento, e de que esta pluralidade não é ruim. Ao contrário, expressa a beleza do Deus trino. Ser parte desse povo e viver a experiência de caminhar com esse povo implica responsabilidade. Vivenciar essa fé implica em compromissos com elementos como justiçapaz e amizade. A desigualdade, as contendas e o ódio não pertencem a cultura dessa comunidade do reino de Iavé. O Eterno, através do salmista, nos sinaliza com clareza que desfrutar da experiência da casa do povo de Deus implica, necessariamente, em meio a toda diversidade, seriedade e compromisso comunitário, para a preservação dos valores dEle. 

Que possamos diariamente se alegrar por estamos na casa do Senhor. Mais: que somos casa juntos de outras casas, nos alegrando com. Que pertencemos com. Que temos identidade na pluralidade, pois todos refletimos e agimos com justiçapaz e amizade, como povo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *