Meditações no Salmo 130
Analisar o humano é constatar um fato: somos imperfeitos. Oscilamos, nos decepcionamos, planejamos mal, nos frustramos, temos altos e baixos, falhas morais, somos hipócritas, etc, etc, etc. Olhar para nós mesmos com sinceridade envolve nos depararmos com quem realmente somos e não a imagem que projetamos e que desejamos que as pessoas tenham de nós. Nesse salto para dentro do nosso verdadeiro eu, somos conduzidos à muita insegurança, angústias das mais diversas e medos.
A fé cristã tem uma resposta extremamente preciosa para o nosso mal: a experiência da graça. O Deus que é revelado em Jesus tem poder para nos salvar de nós mesmos. Em Jesus, vemos um Deus que toca os pecadores, que anda com eles e que se assenta na mesma mesa de prostitutas e ladrões. O Eterno que Cristo revela não é um deus que pisa ainda mais em quem já está no chão ou que coloca o dedo em nossas feridas propositalmente para ensinar lições ou sermos punidos pelos nossos fracassos éticos. O Altíssimo, em Jesus, é Pai Amoroso, misericordioso e gracioso, que perdoa abundantemente, faz sarar e cicatrizar a alma, nos conduzindo para um caminho existencial saudável e pleno. Quem ora no salmo encontra-se em uma situação desesperadora, suplicando pela misericórdia divina em sua vida. Está consciente dos seus próprios erros, sabe que se fosse por seu próprio mérito estaria condenado e que o Senhor é a sua única fonte de salvação e esperança. Por isso quem ora grita pelo socorro do alto. Certo é que encontra. No caminho da graça divina somos plenamente perdoados e não temos razão para vivermos angustiados e aflitos. Ao contrário, somos pacificados em nosso interior. A experiência da graça conduz o humano para um tipo de paz libertadora, nos tirando todo tipo de neurose religioso-espiritual que nos transforma em seres amedrontados e “esquizofrênicos espirituais”. Uma vez libertos, somos convencidos pelo Espírito de Deus que somos filhos e filhas amadas e que não precisamos nos preocupar mais com nosso futuro eterno, pois a graça de Deus fez todo trabalho em nosso favor.
Abre-se, assim, um caminho para pensarmos uma nova vida, em Deus. Conduzidos pela mesma graça salvadora, vivemos, pois, cheios de graça em nossa caminhada: leves e partilhando do amor misericordioso com o mundo. Nossas relações, ações e vida em sentido amplo, são agora experimentadas a partir do Deus-amor. Libertos de nós mesmos estamos livres para viver a vida abundante que Ele tem para nós!