Meditações no Salmo 147
Fomos ensinados que Deus gosta de receber os nossos sacrifícios. Em algumas correntes cristãs isso é algo levado tão a sério que muito fiéis se mutilam para agradar ao Senhor. Porém, mesmo em correntes mais “normais”, “sacrificar a Deus” é uma constante.
Agrada o Eterno quem:
Faz longas horas de jejum (normalmente deixando de comer coisas prazerosas como chocolate); quem passa longos momentos de joelhos em oração; quem sacrifica o seu tempo com família e amigos para servir mais a Deus na igreja; quem termina um relacionamento amoroso para poder provar que ama a Deus; quem deixa de jogar bola com os amigos para ir aos cultos com frequência; quem deixa de ir ao parque aos domingos por ser o “Dia do Senhor”; quem rompe amizades de anos com pessoas que não são crentes; quem não assiste filme de terror para “fugir da aparência do mal”; quem deixa de ouvir “música do mundo” por ser do mundo e não de Deus… Enfim, a lista seria interminável de coisas que cristãos fazem ou deixam de fazer por “sacrifício” a Deus. O salmista sugere um outro caminho: entregar ao Eterno beleza! “O louvor é belo e apropriado a ele”, diz o salmista. A quem estamos cultuando? Um Deus que gosta do “sangue” dos sacrifícios? Ou um Deus amoroso que ama e espera receber amor em forma de beleza dos seus amados e amadas? O Eterno é aquele que: é libertador e resgatador de seu povo; é quem cura os feridos e sara as nossas feridas; é um Deus oniamante, tornando impossível compreendermos a profundidade de sua graça e misericórdia; Ele ergue os caídos; é movido por sua justiça; e, no ápice de sua manifestação graciosa, ao invés de pedir um sacrifício especial, Ele se fez sacrifício motivado exclusivamente pelo seu amor à humanidade. Ora, quem é esse Deus que, inclusive, encerra a possibilidade de novos sacrifícios em Seu sacrifício – autodoação – perfeito? Esse é o Eterno!
Diante da beleza de sua santidade, podemos experimentar a experiência da beleza, ofertando a Ele não nossas dores, mas nossa arte, nossos poemas e nossas canções: o belo para o Belo! Oferte hoje mesmo a Ele a beleza, que pode estar em uma história de amor, na sua brincadeira com os filhos, em uma cochilada após o almoço, em seu tempo de lazer em família, em um passeio no parque ou no jogar a bolinha para o seu cachorro. Que não falte inspiração para dar a Ele, que é Belo e Bom, toda a nossa criatividade, pois Ele é digno e se alegrará mais com a música de Bach do que dos nossos joelhos no milho. Viva a experiência da beleza.
Pr. André Anéas