Meditações no Salmo 149
As dores da existência estão aí para quem quer ver. Injustiças, fome, guerras, intolerância, violência. Engana-se quem pensa que o Eterno está de braços cruzados diante das mazelas desse mundo. Ele está dizendo que isso “não é bom”. Em seu ímpeto em agir perante uma humanidade embriagada em sua maldade, ele faz um povo Teu.
Esse “povo de Deus” tem por missão testemunhar acerca da ética do Altíssimo perante todos os povos da terra. É chamado, vocacionado, a ser um sinal de Deus na história. O salmista deixa exalar em sua poesia o que emerge da sua alma sobre essa nobríssima tarefa. A experiência de ser sinal de justiçasignifica que esse povo deve ficar sempre ao lado dos oprimidos, pois esse “povo de Deus” sabe o que é ser oprimido. Essa experiência envolve, necessariamente, escolher priorizar os pobres e marginais da história, pois o “povo de Deus” foi pobre e marginal. O “povo de Deus” não é povo de um Deus qualquer, mas de um Senhor esvaziado, crucificado, ferido e morto, mas que ressuscitou para ser a esperança de que a morte não tem a última palavra e que a vida e o amor vencerão sempre os opressores da vida. Quem vive essa experiência se alegra, pois foi forjado nas mãos de um Deus que deu o exemplo. O salmista fala em louvor, celebração, danças. O “povo de Deus” é um povo alegre, pois sabe e conhece seu sagrado privilégio. Esse povo simples, salvo pela graça, está sempre com um sorriso no rosto. Essa alegria verdadeira não é fruto de uma alienação, mas de uma convicção de que vale a pena lutar e se engajar na missão de Deus. Nessa luta, embora muitas feridas e dores, existem os momentos de, com muita ternura, expressar a fé que brota do coração da gente, em apresentações que enaltecem aquele que toma sempre o partido do mais fraco.
Viver a experiência de ser sinal de justiça é um privilégio, que envolve alegria e compromisso. Envolve sorriso e seriedade. Envolve ternura e luta. Envolver música e o silêncio de quem resiste diante do mal. Envolve uma certeza na alma de que o “povo de Deus” será sempre um povo cujo testemunho de libertação proporcionado por Deus deixará sempre os reis e poderosos na expectativa de que um dia, a justiça divina irá imperar plenamente, reconfigurando o mundo em um lugar de liberdade, fraternidade e igualdade! Alegre-se e lute povo de Deus, tu és um sinal de justiça do Eterno!
Pr. André Anéas