Meditações no Eclesiastes 4.5-6

O sábio é alguém que já provou de tudo na vida. Tudo aquilo que a riqueza pode fornecer para uma pessoa, ele teve. Todos os desejos foram atendidos. Portanto, estamos diante de uma pessoa que sabe discernir e entender como o ser humano se sente diante da obtenção do aparente sucesso e da aparente prosperidade financeira.

Nossa sociedade está organizada de tal modo que somos ensinados que devemos trabalhar incessantemente para recebermos o maior volume de dinheiro possível para comprarmos a nossa felicidade. Entretanto, essa lógica não termina em um ponto específico, pois não há limite do quanto se pode ganhar e do quanto se pode comprar. Assim, ficamos preso em um ciclo sem fim de trabalho-dinheiro-consumo-felicidade-trabalho-dinheiro-consumo-felicidade-trabalho. Ou seja, a felicidade nunca chega! O que o sábio percebeu? Em um primeiro momento que quem cruza os braços, é preguiçoso, não se esforça e somente consome, destruirá a própria vida. É uma espécie de um lento suicídio. O sábio quer nos ensinar algo evidente aqui, mas que não pode ser encerrado nessa obviedade. Ora, se parássemos nesse ponto, cairíamos justamente na mesma lógica de mercado que vivemos em nossa sociedade. A questão é simples: sem esforço não se ganha o pão. Agora, a segunda lição somada a essa nos leva ao lugar da verdadeira sabedoria bíblica, pois somente esforço para obtenção de recurso não nos conduz para uma vida plena.

Quem vive desejando o mundo e trabalhando de modo frenético dentro dessa lógica é facilmente presa da cobiça, da inveja, da avareza e um tipo de ambição tóxica de nos destrói e nos consome.

A insaciabilidade do que podemos ter em relação ao que o dinheiro pode comprar, nos torna pessoas infelizes, traz aflição e ansiedade, nos fazendo correr atrás do vento. A sabedoria do sábio alerta que vale mais um pássaro na mão do que dois voando. O que ele quer dizer? Que a vida plena está mais acessível do que imaginamos. A plenitude da vida está na capacidade de nos contentarmos com pouco, em vivermos de um modo mais simples e cultivarmos uma vida humilde. Quem será mais livre? Quem tem milhões para administrar e bilhões para conquistar ou quem tem o pão de cada dia com o coração inundado de uma gratidão santa? Quem tem mais alegria? Quem não sabe o que vestir por ter um “closet” lotado ou quem tem apenas uma túnica, uma capa e um cajado com uma vida cheia de sentido? A vida deve ser vivida e desfrutada e sua delícias estão disponíveis para todos que tem olhos para ver. Certamente a preguiça mata lentamente. Porém, uma vida de trabalho desenfreado em nome do Dinheiro que nos comprará a “felicidade” pode nos custar a vida ainda mais rápido.

Melhor mesmo é aprender a sorrir para o passarinho que está em nossas mãos.

André Anéas

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