Pastor André Anéas

A experiência de ser Igreja

Igreja Batista em Quitaúna
Igreja Batista em Quitaúna
A experiência de ser Igreja
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Carta de Paulo aos Romanos 12: 4-5

Só é possível experimentar plenamente Deus em comunidade. Não é possível viver a espiritualidade cristã sozinho, de maneira individualista.

Entretanto, para experimentar a experiência de sermos corpo de Cristo, Igreja, comunidade, precisamos superar algumas lógicas…

Primeiramente superar as diferenças. É preciso disposição para o convívio com o diferente de nós. É preciso tolerância com as diversas personalidades, ideias, teologias, culturas. Sem a superação da diferença, não há como ser um só corpo.

É preciso superar o egoísmo. Devemos assumir nossa condição de necessitados uns dos outros. Quem não precisa de ninguém e se sente autossuficiente, não faz ideia do que significa ser Igreja…

Por fim, devemos superar a hipocrisia. Falar “irmão” e “irmã” de domingo é fácil. Porém, devemos SER verdadeiramente irmãos e irmãs, membros da mesma família, membros do mesmo corpo, uma só Igreja, chorando com os que choram, se alegrando com os que se alegram, repartindo, hospedando e nos cuidando mutuamente.

Está preparado para viver uma experiência espiritual profunda? Conviva intensamente em comunidade, supere as diferenças, o egoísmo e a hipocrisia. Afinal, somos chamados obra ser um corpo plural, formado por muitas tribos, línguas e nações para ser povo de Deus! 

Abraços,

André 🙏🏼❤️

Experimentar Deus

Igreja Batista em Quitaúna
Igreja Batista em Quitaúna
Experimentar Deus
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Salmo 139

Quem procura uma igreja não procura ou não deveria procurar um show, uma palestra, um evento “gourmet” religioso… A nossa grande busca deveria ser para experimentarmos Deus. Experimentar Deus em nossa vida, uma espiritualidade profunda, deveria ser sempre o mais importante.

Como experimentar o Mistério de Deus? O salmista, embora reconheça que Deus sempre será incompreensível, sinaliza algumas pistas sobre como fazer esse tipo de experiência.

Na espiritualidade profunda, devemos ser nós mesmo diante do Eterno: honestos e sinceros. Somos diante dele um livro aberto. Experimentar Deus envolve, necessariamente, nos encontrarmos com quem realmente somos.

Experimentar Deus envolve também a certeza de que o Eterno está em todos os lugares. Não há como escapar de Deus. Superar as dicotomia tolas, que deixam Deus apenas nos espaços religiosos, é, assim, fundamental para discernirmos o Senhor em todos os lugares.

Ser um livro aberto e saber que Deus está em tudo não deve gerar medo, mas contemplação, pois Ele é bom! A índole de Deus está absolutamente vinculada ao amor. O poder dEle se manifesta de maneira amorosa, protetora, cuidadora para com todos nós.

A pergunta decisiva, assim, não é se Ele nos conhece, ou onde Deus está ou se Ele é bom. A pergunta é se temos olhos para perceber sua presença.

Ele quer que o experimentemos… Você está com os olhos do coração abertos para experimenta-lo?

Abraço fraterno,
André

A experiência do Mistério

Meditações no Salmo 139

Gosto, particularmente, quando o salmista afirma que não está em condições de compreender plenamente o Eterno, uma vez que Ele é tão elevado e maravilhoso. Quem ora reconhece que o conhecimento que podemos obter acerca de Deus é um conhecimento sempre parcial, sempre envolto em mistério, para além de todo tipo de capacidade racional. Ao final da oração que escreve, ele compara Iavé com os ídolos. Ídolos podem ser manipuláveis, esculpidos, arquitetados e projetados para serem a nossa imagem e a nossa semelhança. Com o Senhor é diferente. Por quê? Por justamente Ele não se permitir se capturável por nossas mentes, permanecendo o que de fato Ele é e sempre será: Mistério. Isso não significa que não podemos saber absolutamente nada acerca de Deus, afinal, Ele mesmo se revelou para a humanidade.

Entretanto, essa Revelação nunca é plena, absoluta e definitiva. Deus, mesmo se revelando, permanece e perecerá Mistério. O salmista sinaliza dois elementos que se pode conhecer desse Deus misterioso. Primeiramente, que Ele é capaz de discernir que seu próprio ser é um “livro aberto” para o Senhor. Esse Mistério sabe e conhece. Esse Mistério nos sonda até as entranhas da nossa alma. O Mistério nos conhece. Assim, viver a experiência do Mistério é ser experimentado por Deus de tal forma que nada passa despercebido. Experimentar Deus é um se despir por completo, um estar nu. Tudo o que somos, pensamos e intentamos está debaixo dos olhares daquele que nos sonda. Quem ora sinaliza, em segundo lugar, que Ele é também Belo.

A maneira como Ele pensa, age, cria, se revela e é está cheia de beleza, de pureza, de alegria, de mansidão, de bondade, de amor. Nada em Iavé é feio e violento. Ele é o Amor, como disse João, o apóstolo. Ao mesmo tempo que Ele é cheio de poder, estando em todo lugar, enxergando no dia e na noite, na claridade e na escuridão, seu poder se manifesta imbuído de um tipo de Beleza eterna, profunda e complexa. Experimentar o Mistério é experimentar aquele que É e de quem nada podemos esconder, pois ele Está. É, igualmente, experimentar um Mistério que se revela de maneira terna, nos paralisando diante de um tipo de Amor que nos silencia, nos impedindo de buscar respostas e soluções, mas que nos faz, tão somente, silenciar e contemplar.

Pr. André Anéas

O dia em que Jesus foi superado

Igreja Batista em Quitaúna
Igreja Batista em Quitaúna
O dia em que Jesus foi superado
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Marcos 7-24

A Bíblia é fascinante, especialmente os evangelhos. Precisamos deixar ela dizer as verdade que muitos tentam silenciar.

Existiu um dia em que Jesus foi interpelado por uma mulher pagã. Ela estava desesperada, pois sua filha estava perturbada por demônios. Aos gritos, ela pediu a ajuda do Mestre.

Jesus, entretanto, disse que a prioridade dele eram os “filhos”(judeus), e que não deveria alimentar os “cachorrinhos” (quem não era judeu). A reação da mulher é surpreendente! Ela diz: “Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças”.

Jesus, ao ser superado pela mulher, faz uma autocrítica e reconhece que ela está com razão! Ele afirma: “*Por causa desta resposta*, você pode ir; o demônio já saiu da sua filha.”

O evangelho nos obriga a rever nossas convicções. Primeiramente nossa visão do evangelho, que é muito mais inclusivo do que imaginamos (a mulher pagã tem acesso a graça); em segundo lugar, rever a ideia sobre nós mesmos (Deus se agrada da nossa sinceridade e humanidade, independente de quem somos); por fim, rever nossa atitude perante Jesus (correr humildemente para Jesus e comer das migalhas que caem de sua mesa).

Podemos até não ser muito especiais para os outros, mas, nos aproximando de Deus em sinceridade, as migalhas que caem da mesa de Jesus são mais do que suficientes para encher as nossas vidas de sentido, libertação e paz! Em Jesus somos radicalmente acolhidos em sua graça e amor eterno.

Abraço fraterno,
André 

José: pai de coração

Igreja Batista em Quitaúna
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José: pai de coração
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Que é ser pai? O que é a paternidade? Que significa ser homem?

Normalmente se responde essas indagações com ideias que indicam o “ser machão”, “ser o cabeça”, ser, na verdade, autoritário, grosseiro e aquele que “bate na mesa”. Nada mais distante do que se aprende com a paternidade de José, pai de Jesus. E, ainda, mais distante com a percepção do Deus-Pai, revelado por Jesus.

Na paternidade de José, muito embora sua descrição e anonimato, encontramos traços que definem o sentido de uma real paternidade e que nos revelam algo do mistério trinitário da pessoa do Pai.

Em José é possível perceber a *sensibilidade* que somente um homem seguro de si poderia ter.

Nele encontramos alguém que *cuida*, zela e protege em amor.

José tem tempo para ensinar, *educar*, contribuir com o crescimento do menino Jesus.

O *silêncio* de José não é omissão. O silêncio de José fala muito alto, revelando um pai que não cessa em *trabalhar* em favor daqueles que ele ama.

Que a paternidade para a qual a paternidade de José aponta, a paternidade do Deus-Pai, seja exercida por cada um de nós. Uma paternidade de coração, que vale mil vezes mais do que os laços biológicos podem oferecer.

Abraço fraterno,
André ❤️

A experiência de ser conhecido

Meditações no Salmo 138

Quem nós verdadeiramente somos?

A questão acerca da nossa identidade parece ser decisiva para o tipo de vida que teremos. As dificuldades em relação a quem verdadeiramente nós somos podem se desdobrar em vidas amarguradas, ressentidas, depressivas, abatidas e assim por diante. Do outro lado, vidas que têm sua identidade melhor resolvidas, desfrutam de um viver mais leve, autêntico, cheio de gratidão, cheio de paz.

O salmista ora como quem experimentou a experiência da identidade. Ser conhecido por Deus é um tipo de experiência que produz sentido para nós e forja a nossa identidade em um local profundo da alma. Nossa interioridade, ao experimentar o Eterno em nós, é transformada, ganha novo vigor, coragem para se viver, ou, podemos dizer, fé para existir de maneira profunda no mundo. Experimentar Deus é vivenciar a experiência de ser conhecido e, consequentemente, se conhecer. Como fazer essa experiência? O salmista sinaliza que a proximidade com Deus depende da nossa humildade. Quando desembarcamos dos nossos “eus” criados para performarmos diante das plateias é que nos tornamos aptos para experimentar Deus. A humildade é uma chave essencial para nutrirmos proximidade com o Senhor. Ao contrário, a arrogância, que nada mais é do que as máscaras que nos impedem de percebemos quem verdadeiramente somos, nos afastam daquele que sabe de tudo, até mesmo da nossa atuação que sabota nosso verdadeiro eu. A humildade é, assim, a via que nos conduz para aquele que vai nos aceitar em nossas fragilidades, sofrimentos e aflições, nos protegendo, acolhendo e amando como verdadeiramente estamos. Nesse contato imediato em amor do divino por nós, somos tomados por uma sincera gratidão, que permeia toda a nossa vida. Nossa vida, envolta no amor do Eterno, é uma explosão de agradecimento, pois nEle estamos satisfeitos e bem resolvidos, uma vez que sabemos e experimentamos que somos amados e amadas de Deus.

Nesse amor, concedido aos que se abrem ao Mistério em humildade, nada mais é necessário, tão somente a contemplação daquele que nos amou e nos tornou o que nascemos para verdadeiramente ser.

Pr. André Anéas

A experiência da indignação

Meditações no Salmo 137

Não é sábio romantizar o texto bíblico. A romantização das Escrituras corrompe nossa leitura e nos impede de acessarmos as profundezas do texto sagrado. A beleza desse salmo é invadida pela indignação de quem ora e anseia por vingança – e não é qualquer uma! O salmista é conduzido em sua ira a clamar por uma recompensa a quem atirar os bebês dos babilônios contra as rochas. É absolutamente óbvio que esse tipo de desejo está na contramão da graça reverberada no evangelho de Jesus Cristo. Entretanto, nem sempre saber algo significa ter nossos sentimentos e emoções conformados com a teoria. Essa idealização, em que tudo o que sabemos se torna, automaticamente, tudo o que sentimos, nos desumaniza.

Diante da dor de ser arrancado de sua terra natal – Jerusalém –, forçado a entreter os invasores com músicas que relembram a Cidade Santa e com o peito ferido de tanta saudade, vive a experiência da indignação. Na sua indignação, que nada mais é do que um inconformismo visceral pela situação em estava, ele rasga sua alma ao Altíssimo em uma oração politicamente incorreta. Essa face humana do salmista está dentro de uma tentativa de os textos bíblicos sinalizarem para todos nós as faces da nossa própria humanidade. Enquanto lemos o texto, o texto nos lê. Quem não ficou indignado justamente por vários tipos de questões na vida? Quem nunca se revoltou diante de realidade maldosas, perversas e radicalmente antiéticas? Quem nunca se enfureceu com a maldade de um outro humano contra nós, nossos familiares, nossos amigos e amigas? Quem não se enfureceu com a ganância humana, com as injustiças, com as atrocidades praticadas em nome do amor ao poder e dinheiro (às vezes travestido de “deus”)? É justa nossa indignação? Responderia que é humana.

Aprendemos com quem ora aqui que vomitar nossa indignação aos céus é um caminho possível e genuíno da nossa espiritualidade. Enterrar essa indignação em nossa alma, sem lançá-la para fora, nos desumaniza. Nenhum tipo de desumanização condiz com a espiritualidade bíblica. A espiritualidade que agrada a Deus tem relação com a sinceridade e honestidade de quem somos. Aprendemos também que as coisas mais terríveis que nos habitam não são omitidas de Deus em nossas preces. Ao contrário, são lançadas diante do Senhor. Não oramos para parecermos bonzinhos. Oramos o que estamos sentindo em cada momento, em cada circunstância. Além disso, a oração do salmista ensina que o Eterno está perto em todos os momentos, acolhendo nossa indignação-oração. Por fim, devemos lembrar que nem tudo que está nas Escrituras deve ser entendido e aplicado literalmente, especialmente à luz da Palavra – Jesus! Afinal, nem tudo que a letra diz condiz com o Espírito da graça. Da mesma forma, nem tudo o que oramos estará, necessariamente, alinhado com a melhor teologia e ensino evangélico. Quem disse que nossas preces são uma aula de teologia? Somos humanos.

Ore como humano. Entretanto, lembre-se de se deixar ser permeado pelo Espírito que intercede por você, lhe transformando no humano que haveremos de ser um dia.

Pr. André Anéas

Deus: artesão de almas

Igreja Batista em Quitaúna
Igreja Batista em Quitaúna
Deus: artesão de almas
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Marcos 04-26:29

Deus trabalha em nossas vidas artesanalmente. Não existe no evangelho nada que justifique uma “industrialização” da nossa fé, padronizando ou sistematizando o modo como o Pai trabalha em casa um de nós. Por isso, o convite é para você abrir o seu coração para que o Artesão possa tecer sua alma, que é única e singular.

Abraço fraterno,

André Anéas

A alma precipitada

Igreja Batista em Quitaúna
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A alma precipitada
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Abraço fraterno,

André Anéas

Peixe, pão e conversa: Jesus e os frustrados

Igreja Batista em Quitaúna
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Peixe, pão e conversa: Jesus e os frustrados
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João 21- 01

Todos nós carregamos em nossas biografias frustrações e decepções. Muitas vezes não somos quem queremos ser. Embora idealizemos, o pai, a mãe, o filho, o profissional, o cristão ou o cidadão que somos está aquém do “eu ideal”.

Algumas vezes essa situação nos conduz a um vazio na alma, uma verdadeira crise existencial. Pedro, discípulo de Jesus, enfrentou isso. Como Jesus lidou com o Pedro frustrado após ter negado Jesus três vezes? Como Jesus conduziu essa situação?

Jesus foi ao encontro de Pedro na mesma praia do início da caminhada dos dois. Lá, Jesus preparou peixe e pão para Pedro que, em sua decepção, tinha voltado a pescar.

Jesus sabia exatamente a dor que Pedro carregava. Ele conhecia o tamanho da sombra no interior de seu discípulo.

O bom Mestre conversa, amorosa e pacientemente com seu discípulo abalado, que se abre a Jesus em total sinceridade. É uma conversa que cura a alma.

Jesus não o despreza. Ao contrário, em meio a dor da frustração, reforça a vocação de Pedro para cuidar do rebanho do Bom Pastor.

As frustrações e decepções em nossas vidas são tratadas por Jesus de modo que a nossa humanidade é restaurada. Longe de querer nos fazer seres que não se frustram, o caminho do Cristo é nos conduzir à maturidade para lidar com as feridas da alma.

Está frustrado e decepcionado? Vá comer peixe e pão com Jesus. Ele está perto e pronto para uma ótima conversa.

Abraço fraterno,
André Anéas